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Alta Idade Média- Surgimento do Feudalismo

feudalismo era o sistema de organização social, econômico e político que predominou na Europa ocidental entre os séculos V e XV e se caracterizou pela servidão.

Surgimento do Feudalismo
O feudalismo teve suas origens no final do século III, se consolidou no século VIII, teve seu principal desenvolvimento no século X e chegou a sobreviver até o final da Idade Média (século XV). Pode-se afirmar que era o sistema típico da era medieval e que com ela se iniciou, a partir da queda do Império Romano do Ocidente (476) .
Entre as principais causas do surgimento deste sistema feudal está a decadência do Império Romano. Ocorreram invasões germânicas (bárbaros) que fizeram os grandes senhores romanos abandonarem as cidades para morar no campo, em suas propriedades rurais. Esses poderosos senhores romanos criaram ali as vilas romanas, centros rurais que deram origem aos feudos e ao sistema feudal na Idade Média.
Nestas vilas romanas, pessoas menos ricas buscaram trabalho e a proteção dos grandes senhores romanos e fizeram com eles um tratado de colonato, ou seja, os mais pobres poderiam usar as terras, mas seriam obrigados a entregar parte da produção destas terras aos senhores proprietários. Isso fez com que o antigo sistema escravista de produção fosse substituído por esse novo sistema servil de produção, no qual o trabalhador rural se tornava servo do grande proprietário.
Funcionamento

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Ilustração de um feudo. Foto: AnnaNenasheva / Shutterstock.com
A base do sistema feudal era a relação servil de produção. Com base nisto foram organizados os feudos, que respeitavam duas tradições: o comitatus e o colonatus. O comitatus (que vem da palavra comites, “companheiro”) era de origem romana e unia senhores de terra pelos laços de vassalagem, quando prometiam fidelidade e honra uns aos outros. No colonatus, ou colonato, o proprietário das terras concedia trabalho e proteção aos seus colonos, em troca de parte de toda a produção desses colonos.
Um senhor feudal dominava uma propriedade de terra (feudo), que compreendia uma ou mais aldeias, as terras que seus vassalos (camponeses) cultivavam, a floresta e as pastagens comuns, a terra que pertencia à Igreja paroquial e a casa senhorial – que ficava na melhor parte cultivável.
As origens desse sistema feudal, de “feudo”, palavra germânica que significa o direito que alguém possui sobre um bem ou sobre uma propriedade. Feudo, portanto, era uma unidade de produção onde a maior parte das relações sociais passava a acontecer, porque os senhores feudais (suseranos) eram poderosos e cediam a outros nobres (que se tornavam seus vassalos) as terras em troca de serviços e obrigações.
Suserania e Vassalagem
Os senhores feudais possuíam terras e exploravam suas riquezas cobrando impostos e taxas desses nobres em seus territórios. Era um tratado de suserania e de vassalagem entre eles. Esses vassalos podiam ceder parte das terras recebidas para outros nobres menos poderosos que eles e passavam a ser os suseranos destes segundos vassalos, enquanto permaneciam como vassalos daquele primeiro suserano. Um vassalo recebia parte da terra e tinha que jurar fidelidade ao seu suserano, num ritual de poder e de honra, quando o vassalo se ajoelhava diante de seu suserano e prometia fidelidade e lealdade.
No sistema feudal quem concedia terras era suserano e quem as recebia era vassalo em relações baseadas em obrigações mútuas e juramentos de fidelidade. O rei concedia terras aos grandes senhores e esses, por sua vez, concediam partes dessas terras aos senhores menos poderosos - os chamados cavaleiros – que passavam a lutar por eles. Um suserano se obrigava a dar proteção militar e jurídica aos vassalos. Um vassalo investido na posse de um feudo, se obrigava a prestar auxílio militar.
Sociedade feudal
Em uma sociedade feudal havia estamentos ou camadas estanques, não havia mobilidade social e não se podia passar de uma camada social para outra. Havia a camada daqueles que lutavam (Nobreza), a camada dos que rezavam (Clero) e a camada dos que trabalhavam (camponeses e servos). Com diferentes componentes: os servos – que trabalhavam nos feudos, não podiam ser vendidos como escravos, nem tinham a liberdade de deixarem a terra onde nasceram; os vilões – homens livres que viviam nas vilas e povoados e deviam obrigações aos suseranos, mas que podiam deixar o feudo quando desejassem; os nobres e o clero, que participavam da camada dominante dos senhores feudais, tinham a posse legal da terra, o poder político, militar e jurídico. No alto clero estavam o papa, os arcebispos e bispos e na alta nobreza estavam os duques, marqueses e condes. No baixo clero estavam os padres e monges e na baixa nobreza os viscondes, barões e cavaleiros.
Esses feudos eram isolados uns dos outros e necessitavam da proteção de seus senhores. Nasceram sob o medo das invasões bárbaras sofridas e que ocasionaram o final do próprio Império Romano Ocidental. Os povos que formavam os novos feudos eram as antigas conquistas dos romanos e passaram a se organizar em reinos, condados e povoados isolados para se protegerem de invasores estrangeiros. Esse isolamento também os obrigava a produzirem o necessário para a sua sobrevivência e consumo próprio.
Os senhores mais ricos submetiam os mais pobres aos trabalhos no campo e, em troca, lhes davam a proteção contra esses ataques dos estrangeiros. Tinham as armas e soldados para protegerem as populações mais pobres e delas exigiam lealdade. Com esse tratado de suserania e vassalagem foram dominando muitas partes do Império Romano extinto. A dependência fez com que os camponeses passassem a entregar aos seus suseranos também os produtos que cultivavam, suas terras e seus serviços, e se tornavam servos destes seus protetores.
A servidão dos vassalos era uma forma de escravidão mais branda. Os servos não eram vendidos, mas eram obrigados a entregarem esses produtos aos senhores durante toda a sua vida. Não se tornavam proprietários das terras que cultivavam e elas eram emprestadas para que nelas trabalhassem. Essa servidão passava dos pais para os filhos, perpetuando essa relação de dependência e proteção por gerações.
Economia Feudal
Impostos
A economia feudal era essencialmente agrária e com técnicas precárias: arado puxado por gado, baixíssima produtividade, apenas para a subsistência. As terras do manso senhorial eram “indominicatas” ou sem explorador direto, pois a senhoria não trabalhava. As terras arrendadas, manso servil ou tenência, eram “dominicatas”, com explorador direto e num sistema “parcelário”, onde os vassalos camponeses se deslocarem entre as parcelas para cumprirem tarefas. No manso comum ou terras comunais, a posse era coletiva das terras, bosques e pastagens. Esse sistema de economia feudal era fechado e fez as atividades comerciais retraírem nos séculos VI ao IX. A partir dos séculos X e XI, porém, houve grande desenvolvimento comercial e a urbanização, com as quais o feudalismo era compatível. Somente por conta de epidemias e guerras dos séculos XIV e XV é que a economia feudal entrou em crise.
A Economia Feudal era agrária e autossuficiente, dedicada ao consumo local e não ao comércio. As mercadorias eram trocadas por meio de escambo e não de moedas. Sua atividade principal se desenvolveu em meio a um sistema social estamental (camadas sociais) sem mobilidade entre reis, clero, nobres e servos.
Esses servos ou vassalos faziam girar a economia feudal com seu trabalho, tributos e taxas como a corveia (taxa paga para cultivar terras senhoriais), a talha (imposto pago com a entrega de metade da produção ao suserano), a capitação (imposto pago “per capita” ou por cabeça) para os moradores dos feudos, a banalidade (imposto pago para utilizar moinhos e fornos controlados pelos senhores)a mão-morta era o termo atribuído a taxa que os servos tinham que pagar para poderem permanecer no feudo da família da qual trabalhavam, em caso de falecimento do patriarca.
Portanto, as características do feudalismo e de sua economia destacaram: a ruralização da sociedade desde a queda do Império e com as invasões bárbaras; a fragmentação do poder central nas propriedades senhoriais dos feudos; a privatização da defesa, com suseranos mantendo seus exércitos contra os vikings, sarracenos e húngaros; a clericalização da sociedade desde a oficialização do cristianismo pelo Império, com altos privilégios e grande poder político-econômico da Igreja Católica Romana.


Para ter acesso aos slides utilizados na aula sobre Feudalismo clique aqui!

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