Pular para o conteúdo principal

Resumo: Vinda da família real portuguesa para o Brasil, Independência do Brasil e Primeiro Reinado



A Vinda da Família Real para o Brasil (1808)


A chegada da família real portuguesa ao Brasil em 1808 é um dos eventos mais significativos da história colonial e política do país. O contexto europeu foi determinante para esta mudança. No início do século XIX, Napoleão Bonaparte expandia seu domínio pela Europa, e Portugal, aliado histórico da Inglaterra, foi pressionado a aderir ao Bloqueio Continental, uma medida que visava impedir o comércio com os ingleses. A recusa portuguesa em romper os laços comerciais com a Inglaterra provocou a invasão de Portugal pelas tropas napoleónicas em 1807.

Perante essa ameaça, a corte portuguesa decidiu fugir para o Brasil, uma colónia importante e promissora. Em novembro de 1807, o príncipe regente D. João (futuro D. João VI), sua família, a nobreza, e membros importantes da administração pública embarcaram numa grande frota rumo ao Brasil. A transferência da corte para a América foi algo inédito no contexto das colônias europeias.

Quando a corte chegou ao Brasil, o impacto foi imediato e profundo. O Rio de Janeiro, que já era uma cidade de grande importância, transformou-se no centro do Império Português. A presença da corte impulsionou a urbanização da cidade e deu início a uma série de reformas fundamentais para a estruturação do Estado brasileiro. D. João VI tomou várias medidas que modernizaram a economia e a administração, sendo a mais significativa a Abertura dos Portos às Nações Amigas. Este decreto, de 1808, permitiu o comércio direto entre o Brasil e outras nações, especialmente a Inglaterra, rompendo o pacto colonial que limitava o comércio da colônia a Portugal.

Além disso, o governo de D. João fundou o Banco do Brasil em 1808, criou a Imprensa Régia, estabeleceu várias academias e museus, como o Jardim Botânico do Rio de Janeiro, e promoveu melhorias na infraestrutura, como a pavimentação de ruas e a construção de edifícios públicos. Em 1815, elevou o Brasil à condição de Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves, o que marcou o início da autonomia política da colónia e preparou o cenário para o processo de independência.

A Independência do Brasil (1822)


O processo de independência do Brasil teve suas raízes nos acontecimentos internacionais e nas mudanças internas que vinham ocorrendo desde a chegada da corte ao Brasil. A elevação do Brasil à categoria de Reino Unido, em 1815, representou um passo importante para a autonomia política da colónia, mas as tensões entre o Brasil e Portugal continuaram a crescer.

Em 1820, a Revolução Liberal do Porto, em Portugal, trouxe mudanças drásticas à política portuguesa. Os revolucionários exigiam o retorno imediato de D. João VI a Portugal e a implementação de uma Constituição liberal, que pretendia reduzir o poder do monarca e centralizar o governo em Lisboa. Diante dessas pressões, D. João VI retornou a Portugal em 1821, deixando seu filho, D. Pedro de Alcântara, como regente do Brasil.

O retorno de D. João e as tentativas das Cortes portuguesas de reverter a autonomia que o Brasil começava a desfrutar geraram uma série de conflitos entre os interesses das elites brasileiras e os das autoridades portuguesas. As Cortes exigiam a volta de D. Pedro a Portugal, mas, pressionado pelas elites locais, ele decidiu permanecer no Brasil, proclamando o famoso Dia do Fico em 9 de janeiro de 1822. Nesta data, D. Pedro afirmou: "Se é para o bem de todos e felicidade geral da nação, diga ao povo que fico."

Durante o ano de 1822, as tensões aumentaram, e D. Pedro começou a tomar medidas que indicavam sua intenção de romper com Portugal. Ele convocou uma Assembleia Constituinte para elaborar a primeira Constituição do Brasil e, em uma viagem a São Paulo, no dia 7 de setembro de 1822, à margem do rio Ipiranga, proclamou a independência com a célebre frase: "Independência ou Morte!" Este momento tornou-se o símbolo da libertação do Brasil do domínio português.

O Brasil tornou-se oficialmente uma monarquia independente, com D. Pedro I coroado como imperador em dezembro de 1822. No entanto, o reconhecimento internacional da independência só veio posteriormente, com a assinatura de um tratado em 1825, mediante o pagamento de uma compensação a Portugal.

O Primeiro Reinado (1822-1831)


Introdução ao Primeiro Reinado


O Primeiro Reinado no Brasil (1822-1831) abrange o período em que Dom Pedro I governou o país como imperador, logo após a Proclamação da Independência. Este período foi caracterizado por uma série de desafios internos e externos, além da consolidação de um novo Estado nacional. A transição de colônia para um império independente não foi fácil, e o governo de Dom Pedro I enfrentou tensões políticas, crises econômicas e revoltas regionais que colocaram à prova a unidade nacional.

A Independência e os Primeiros Desafios


A Proclamação da Independência, em 7 de setembro de 1822, marcou o início do Primeiro Reinado. Dom Pedro I, ao assumir o título de Imperador do Brasil, enfrentou imediatamente o desafio de consolidar a independência frente a resistências internas, particularmente nas províncias do Norte e Nordeste, e internacionais, como a de Portugal e as nações europeias.

Internamente, as tensões políticas começaram a surgir logo após a independência. Os debates entre os liberais, que defendiam maior descentralização e autonomia das províncias, e os conservadores, que apoiavam um governo central forte, definiram grande parte da política do período. Dom Pedro I, embora defensor da centralização do poder, teve que lidar com uma sociedade que estava acostumada ao modelo colonial, onde as províncias tinham um grau considerável de autonomia.

A Constituição de 1824


Um dos momentos mais significativos do Primeiro Reinado foi a outorga da Constituição de 1824. Este documento estabeleceu o Brasil como uma monarquia constitucional, mas com forte poder centralizado nas mãos do imperador. A Carta de 1824 foi a primeira Constituição do Brasil e teve como principal característica o estabelecimento do poder moderador, que conferia ao imperador amplos poderes para interferir nos outros poderes do Estado (Executivo, Legislativo e Judiciário).

Embora a Constituição fosse vista como uma garantia da independência e da unidade nacional, ela também gerou insatisfação em várias províncias, que sentiam que seus interesses estavam sendo ignorados. Este sentimento de insatisfação culminou na Confederação do Equador em 1824, uma revolta separatista no Nordeste, que exigia maior autonomia provincial e que foi duramente reprimida pelo governo central.

Crises Econômicas e Questões Externas


Durante o Primeiro Reinado, o Brasil enfrentou uma série de desafios econômicos. A transição de uma economia colonial para uma economia nacional foi marcada por dificuldades, como a queda nas receitas oriundas da exportação de produtos agrícolas e a dependência de empréstimos estrangeiros, particularmente da Inglaterra. A política econômica adotada por Dom Pedro I, voltada para o fortalecimento da economia através da centralização e controle do comércio, gerou insatisfação entre as elites agrárias.

No campo externo, o governo de Dom Pedro I buscou o reconhecimento internacional da independência brasileira. Portugal, após uma série de negociações, finalmente reconheceu a independência do Brasil em 1825, em troca de uma compensação financeira. Além disso, o Brasil envolveu-se na Guerra da Cisplatina (1825-1828), um conflito com a Argentina pelo controle da região que hoje é o Uruguai. A guerra foi um fracasso para o Brasil, que resultou na independência da Cisplatina, transformando-se no atual Uruguai.

Abdicação e Consequências


Os últimos anos do governo de Dom Pedro I foram marcados por crescente insatisfação popular e crises políticas. A falta de confiança na administração imperial, aliada ao autoritarismo do imperador e às dificuldades econômicas, levou a uma série de protestos e revoltas. Em 1831, pressionado por diversos setores da sociedade, Dom Pedro I abdicou do trono em favor de seu filho, Dom Pedro II, que na época tinha apenas cinco anos de idade.

A abdicação de Dom Pedro I marcou o fim do Primeiro Reinado e o início do período regencial, onde o Brasil foi governado por regentes até que Dom Pedro II atingisse a maioridade. Este período foi caracterizado por uma intensa luta pelo poder entre diferentes facções políticas e por uma série de revoltas regionais, que colocaram em risco a unidade do país.

Conclusão


O Primeiro Reinado foi um período de transição crucial na história do Brasil. Ele consolidou a independência do país e estabeleceu as bases do Estado nacional, mas também revelou as profundas divisões políticas e regionais que marcaram o Brasil ao longo do século XIX. O governo de Dom Pedro I, embora centralizador e autoritário, foi fundamental para manter a integridade territorial do Brasil em um momento em que o país poderia ter se fragmentado em várias repúblicas independentes, como ocorreu em outras partes da América Latina.



Para ter acesso aos slides clique aqui!

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Baixa Idade Média - Crise do sistema feudal

A partir do século XI a Europa passou por uma série de transformações que acabaram por levar à crise do sistema feudal: – novas técnicas agrícolas aumentaram a produtividade das terras. Exemplos: o uso do cavalo como animal de tração, a produção e o consumo de leguminosas (que melhorou a qualidade de vida), a rotação trienal do plantio, nova tecnologia para drenagem de pântanos e lagos, e outros; – crescimento demográfico e produção de um excedente agrícola que poderia ser comercializado; – desenvolvimento de um pequeno comércio entre os feudos, o que fez com que se sentisse a necessidade do uso de moedas e da padronização de pesos e medidas; – aumento das disputas por terras entre os nobres, motivados tanto pelo crescimento demográfico, quanto pelas novas possibilidades agrícolas. CRUZADAS Em meio a esse processo, o papa Urbano II convocou os cristãos europeus para uma guerra, a fim de tomar Jerusalém (a “Terra Santa”) das mãos dos muçulmanos. Assim se in...

Alta Idade Média- Surgimento do Feudalismo

O  feudalismo  era o sistema de organização social, econômico e político que predominou na Europa ocidental entre os séculos V e XV e se caracterizou pela servidão. Surgimento do Feudalismo O feudalismo teve suas origens no final do século III, se consolidou no século VIII, teve seu principal desenvolvimento no século X e chegou a sobreviver até o  final da Idade Média  (século XV). Pode-se afirmar que era o sistema típico da era medieval e que com ela se iniciou, a partir da queda do  Império Romano  do Ocidente (476) . Entre as principais causas do surgimento deste sistema feudal está a decadência do Império Romano. Ocorreram invasões germânicas ( bárbaros ) que fizeram os grandes senhores romanos abandonarem as cidades para morar no campo, em suas propriedades rurais. Esses poderosos senhores romanos criaram ali as vilas romanas, centros rurais que deram origem aos feudos e ao sistema feudal na Idade Média. Nestas vilas romanas, pessoas menos...

Incas, Maias e Astecas

Na América, a organização de sociedades mais complexas, como a dos  Maias, Incas e Astecas,  não ocorreu ao mesmo tempo que no Oriente próximo ou na Europa. Aliás, os processo históricos não são nunca os mesmos em todas as sociedades. O próprio  continente americano  mostra evidências dessa afirmação. Na América, durante séculos, conviveram (e ainda convivem) inúmeros povos com realidades históricas bem distintas: Povos nômades de cultura primitiva, como muitas tribos norte-americanas, os esquimós (Alasca), os  ianomâmis  e os xavantes (Brasil), que viviam (alguns ainda vivem) basicamente da caça e da coleta, os tupis-guaranis (América do Sul), os pueblos (América do Norte) e os aruaques (América Central), sedentários e agrícolas; e, finalmente, os povos de culturas mais complexas – Maias, Incas e Astecas. ·          Surgimento das Primeiras Cidades Os Astecas Origens A influência dos olme...